O ludismo, como resistência dos trabalhadores nos locais de produção, caracteriza-se pela autonomia, capacidade de escolher seus próprios métodos e melhoria das condições de trabalho. Não enxerga a tecnologia como neutra, mas como um espaço de luta.
Não se trata de uma postura moral individual, mas de uma série de práticas que podem proliferar e crescer através da ação coletiva. O ludismo opõe-se às relações sociais capitalistas, que só podem ser eliminadas através da luta, e não por fatores como reformas do Estado, abundância de bens supérfluos ou uma economia melhor planejada.
Atualmente a população é praticamente unânime: quer desacelerar. Vivemos em tempos pessimistas quanto aos avanços tecnológicos. Há uma espécie de sensibilidade difusa que é antagônica à forma como o capitalismo funciona. Por isso, o ludismo pode se manifestar de formas diferentes, de acordo com o contexto.
Como disse Marx em uma carta ao socialista holandês Ferdinand Domela Nieuwenhuis: “As antecipações doutrinárias e necessariamente fantasiosas sobre o programa de ação para uma futura revolução só conseguem nos desviar das lutas do presente”. Em vez disso, o primeiro passo para organizar o descontentamento generalizado em uma política coletiva requer reconhecer e recuperar nossa autoatividade radical. Inclusive, e talvez especialmente, quando se trata de quebrar coisas no trabalho.
Os trechos acima são do livro “Breaking Things at Work”, de Gavin Mueler. Servem como encerramento da série de pílulas sobre esse interessante estudo que tem por objetivo mostrar o potencial revolucionário do ludismo. Em uma futura e necessária tradução para português, fica a sugestão de que seu título seja “Botar pra quebrar no trabalho!”
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