Doses maiores

14 de dezembro de 2023

Os latifúndios digitais e a dark web

Internete e web não são a mesma coisa. A internete nasceu descentralizada e livre. A web a centralizou e submeteu aos interesses das grandes empresas de comunicações, publicidade e entretenimento.

Em seu livro “Breaking Things at Work”, Gavin Mueler cita o ativista Tim O’Reilly. Ele foi um dos defensores da criação de programas de código aberto para lutar contra o controle monopolista da internete. Mas o capital inverteu o jogo. Criou o que o próprio O’Reilly chamou de Web 2.0.

Um exemplo claro dessa inovação é a Google. Em vez de oferecer software para os usuários instalarem em seus computadores, a Google fornece serviços remotos utilizando softwares que rodam em seus próprios servidores. São sistemas operacionais de código aberto, mas sob estrito controle da empresa, isolados naquilo que ficou conhecido como “nuvem”.

Desta forma, diz Mueller, a Google pode atuar como intermediário entre nós e nossa experiência online, ao mesmo tempo que coleta nossos dados.

O que aconteceu na prática é que Google, Facebook e similares tornaram-se verdadeiros latifúndios digitais que dizimaram milhões de pequenos serviços da rede mundial e dividiram entre si quase a totalidade do mercado.

Uma resposta a essa situação, afirma o autor, seria a criação da chamada dark web. Um ambiente que foge ao rastreio e à captura de dados da rede dominada pelos monopólios. O problema é que esse espaço clandestino também serve a práticas criminosas e ilícitas. E mesmo quando se trata de atividades legais, prevalece a lógica da troca capitalista de mercadorias.

Criar uma verdadeira resposta ludita anticapitalista a essa situação continua a ser um desafio.

Leia também: O ludismo do software livre

2 comentários:

  1. Eu não entendi, e quem bancaria financeiramente essa dark web?

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    1. É um espaço que surgiu como alternativa, mas que se tornou rapidamente um meio pra todo tipo de crimes e delitos. Não sei se precisa de muito apoio financeiro pra mantê-lo

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