Doses maiores

12 de julho de 2012

Conselhos do companheiro Delfim Netto

Em agosto de 1977, o Dieese revelou uma falsificação dos índices de inflação relativos a 1973. Os salários deixaram de ser corrigidos em 34%. A notícia ajudou a detonar a greve dos metalúrgicos de São Paulo de 1978.

Depois, vieram as greves do ABC e as revoltas estudantis e populares contra a ditadura. Surgiram PT, CUT e um dos maiores movimentos de resistência popular da história do País. Sua grande liderança era o metalúrgico Luís Inácio da Silva.

O responsável pela falsificação foi Delfim Netto, Ministro da Fazenda na época. Em 1968, ele participou da reunião que aprovou a decretação do Ato Institucional no 5 (AI-5). Ao votar, declarou ao presidente Costa e Silva:

... estou plenamente de acordo com a proposição que está sendo analisada no Conselho. E, se Vossa Excelência me permitisse, direi mesmo que creio que ela não é suficiente.

O AI-5 deu à ditadura de 1964 poderes absolutos e inaugurou um período de intolerância e terror contra qualquer tipo de oposição. E tudo isso para Delfim não era “suficiente”.

20 anos depois, Lula foi eleito presidente. Delfim tornou-se um de seus conselheiros. Em 23/08/2010, Lula declarou:

Um povo politizado, como o de São Paulo, deixou de eleger um Delfim Netto e elegeu outras pessoas, quem sabe tão merecedoras de voto como ele, mas bem menos competentes para ser parlamentares como ele (O Estado de São Paulo).

Agora, Delfim diz que os sindicatos deveriam parar de exigir reposições salariais. E conta com “companheiro enturmado” Gilberto Carvalho para convencê-los disso. Desde 1977, muita coisa mudou. E não foi Delfim.

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