Doses maiores

10 de julho de 2012

Psicologia de massas e capitalismo

A crise capitalista deixa os neonazistas cada vez mais à vontade. Demonstram suas crenças racistas, homofóbicas, machistas, autoritárias e truculentas à luz do dia.

Um traço muito comum dessas manifestações é seu caráter coletivo. Pessoas apenas conservadoras podem se transformar em monstros de intolerância quando formam bandos ou multidões. O fascismo é bem mais perigoso quando conquista milhões.

É por isso que o marxista alemão Wilhelm Reich escreveu seu famoso livro “Psicologia de massas e fascismo”. A obra foi lançada em 1932, pouco antes de Hitler chegar ao poder. Reich queria saber por que o nazismo atraía grandes parcelas da classe trabalhadora. 

Explicações que buscassem causas apenas racionais eram insuficientes. O próprio Hitler sabia disso. Em seu livro, “Mein Kampf”, ele diz que os pensamentos e ações do povo “são determinados muito mais pela emoção e sentimento do que pelo raciocínio”.

Por isso, Reich buscou unir as obras de Marx e Freud. Era preciso levar em conta o inconsciente, o irracional, a repressão sexual. Seus estudos fornecem pistas importantes. Mas parecem muito presos aos esquemas explicativos da psicanálise.

Oitenta anos depois, o desafio permanece. Além de Freud e Marx, muitos outros pensadores e teóricos podem ajudar a enfrentá-lo. Gramsci e Foucault, por exemplo.

De qualquer modo, Reich formula corretamente o problema. Não se trata apenas do fascismo. Como ele diz, é preciso “saber por que razão os homens suportam desde há séculos a exploração e humilhação moral, em resumo, a escravidão”.

A massificação dessa “servidão voluntária” é um dos segredos da dominação capitalista. É desse estrume que o fascismo surge e se fortalece.

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