Doses maiores

27 de fevereiro de 2013

Itália: entre a farsa e o videogame

As bolsas de valores ficaram abaladas com as eleições italianas. Nenhum partido ou coalizão saiu com maioria. Mas metade dos italianos votou em candidatos contrários à União Europeia. Entre eles, Beppe Grillo, o humorista que criou o Movimento 5 Estrelas, agora transformado no terceiro partido italiano.

Grillo quer acabar com os atuais partidos e mandar os políticos tradicionais para casa. Conhecemos bem as propostas desse tipo. Costumam vir justamente daqueles que querem vencer a qualquer custo o jogo eleitoral que tanto condenam. E não acabam bem. Lembremos Jânio Quadros e Collor.

Outro bem votado foi Silvio Berlusconi, mais um comediante, mas de mãos sujas e bolsos cheios. Também surfou na onda antieuropeia, apesar de ter sido presidente da União Europeia. Ou seja, o voto anda cada vez mais desligado de suas consequências reais.

Mas na realidade virtual, a Itália também apresenta novidades. Trata-se do videogame “Riot” (motim ou revolta, em inglês), criado pelo cineasta Leonard Mechiari. O jogo simula ambientes de protestos populares inspirados nas recentes manifestações na Grécia, Egito, Rússia, Nova York e na própria Itália.

O problema é que o jogador pode escolher entre ser policial ou manifestante. E os criadores do game afirmam que se trata de um cenário “onde não há vitórias ou derrotas”.  Além disso, será desenvolvido para a plataforma Apple. Ou seja, independentemente da originalidade da ideia, o objetivo mesmo é mercadológico.

Contra as farsas políticas de Grillo, Berlusconi e de outras lideranças tradicionais, só as revoltas populares, mesmo. Desde que não se limitem a explosões incertas e desorganizadas. Ou serão tão efetivas como aquelas operadas por joysticks.

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