Doses maiores

14 de junho de 2015

Os partidos como máquinas burocráticas despolitizadas


Quando o Partido exerce o poder, torna-se o Estado da ordem, o qual cada vez mais se transforma num aparato despolitizado, uma máquina burocrática, e não exerce mais a função de estimular ideias e práticas (...). Isto implica que o Partido não cumpre mais sua função política de outrora, torna-se apenas um aparato do Estado. (...) não possui mais suas próprias convicções político sociais, podendo ter apenas uma relação estrutural e funcionalista com a manutenção do Estado.

As palavras acima são do artigo “Política despolitizada do oriente ao ocidente”, de Wang Hui, professor da universidade chinesa de Qinghua, publicada na revista
Leste Vermelho. Poderiam referir-se ao Partido dos Trabalhadores, mas seu autor pretende que este seja um traço comum a todos os partidos do mundo.

Ainda que
a afirmação soe exagerada, sem dúvida, retrata a realidade de grande parte dos sistemas políticos do planeta. Daí, a enorme desilusão em relação às representações partidárias, que se manifesta em formas de luta direta em vários cantos do mundo.

Quanto ao PT, sua militância vinha defendendo abandonar o programa econômico que seu próprio governo vem implementando. Mas encerrado seu 5º Congresso Nacional, nenhuma resolução foi adotada nesse sentido.

Apesar das paixões envolvidas, e da justa indignação das forças de esquerda com os rumos petistas, o fenômeno pode ser olhado como mais uma consequência da esterilização da política pela economia. Algo que o capitalismo pressupõe, mas que sua fase neoliberal radicaliza.

Ou seja, as palavras de Wang parecem servir também a toda a esquerda partidária nacional. E será assim enquanto nossas organizações priorizarem as disputas eleitorais ou por aparatos burocratizados.

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