Dizem que, antigamente, os temperos eram usados para disfarçar o gosto da carne podre. Parece um pouco a propaganda comercial, hoje em dia.
Pesquisa da agência Tool Box revelou que 6.300 novos produtos foram colocados em supermercados brasileiros no primeiro semestre deste ano. Números da ONU indicam 1 bilhão de famintos no mundo. O que explica tanto consumismo ao lado de tamanha miséria?
Uma parte da resposta se relaciona ao mercado publicitário. São horas de anúncios muito bem produzidos na TV e no rádio. Quilômetros de imagens em cartazes, faixas, expositores, outdoors, vitrines, fachadas, etc. Um mercado que movimenta uma fortuna em dinheiro.
Tudo isso para nos convencer de que consumir é bom. Nos torna mais felizes. E é verdade. Por alguns segundos, se for um sorvete. Horas, no caso de uma roupa. Meses, em se tratando de um carro. Alegria que dura até que apareça outro objeto de desejo, que não passa disso. De mais um objeto. Isso é capitalismo.
Mas é só imaginar o capitalismo em seu início. Bairros, cidades, pessoas, tudo muito cinzento de fuligem. Já havia anúncios, mas eram pequenas manchas coloridas no meio do monocromático acúmulo de tijolos das fábricas e galpões. Empórios cheios de mercadorias sem graça.
Aí, a publicidade foi se desenvolvendo. Enfeitando e inventando personalidades para as mercadorias. Hoje, na TV, ela ganhou qualidade cinematográfica. Fome e miséria? Esquecidas. Inclusive, por suas vítimas. Parece o tal tempero de que falamos no início.
Injustiça? Bem, temperos são feitos a partir de especiarias deliciosas. A publicidade é produto da maravilhosa criatividade humana. Nenhum dos dois deveria ser usado para esconder podridão.
Leia também: Desastre aéreo e cobiça
Nenhum comentário:
Postar um comentário