Doses maiores

11 de fevereiro de 2015

O impeachment e o parlamentarismo peemedebista

“Há chances de impeachment?”, pergunta o filósofo Renato Janine Ribeiro em artigo publicado pelo Valor, em 09/02. O autor compara a atual situação ao cerco a Getúlio Vargas, em 1954.

Mas, tal como Vargas, o PT teria base social suficiente para causar tantos problemas como causaram os getulistas aos golpistas de 1954. Seria o bastante para que uma campanha pelo impeachment seja considerada uma opção arriscada também para os golpistas de 2015.

Marcos Nobre vai por outro caminho. Em entrevista publicada pela revista Época em 07/02, o professor da Unicamp afirma que “o PT não lidera mais o governo". Ele criou a tese de que um bloco de forças políticas vem impondo sua vontade aos governos de plantão há décadas. É o “peemedebismo”, mais forte que nunca.

O atual cabeça do “peemedebismo” é Eduardo Cunha. Sua vitória na Câmara teria tirado a iniciativa política de Dilma. O impeachment poderia levar a disputa para as ruas. Para Cunha bem mais interessante “é ficar com essa espada na cabeça da Dilma o tempo inteiro”, afirma Nobre.

Ou seja, parece que estamos sob um parlamentarismo informal. Enquanto Dilma chefia o Estado, Cunha e Renan mandam no governo. Esta fórmula, adotada em quase toda a Europa, costuma resultar em governos estáveis.

Mas, atualmente, isso vale para poucos países europeus. Na Grécia e na Espanha, por exemplo, o parlamentarismo tem sofrido forte cerco popular. Resultado dos graves problemas sociais causados por anos de governos antipopulares.

Aqui, governados pelo peemedebismo, podemos chegar a esse estágio rapidamente. E aí, um impeachment talvez venha a ser o menor dos nossos problemas.

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