Doses maiores

3 de julho de 2018

Algumas esperanças de Marx, assassinadas

Na biografia “Karl Marx: Grandeza e ilusão”, Gareth Stedman Jones afirma que as mudanças revolucionárias esperadas por seu biografado durante os anos 1860 não vieram.

Diante disso, reforçou-se em Marx uma perspectiva revolucionária que nada tinha a ver com “um evento apocalíptico”. Teria sido por isso que, no prefácio de 1867 para “O capital”, a revolução apareça como um processo já em curso na Inglaterra.

Também em 1867, em janeiro, em um discurso de apoio à independência polonesa, Marx sugere que a luta entre trabalhadores e capitalistas talvez fosse “menos feroz e sanguinária do que as lutas entre o senhor feudal e o capitalista o foram na Inglaterra e na França”.

Já no terceiro volume de “O capital”, ele considera que o surgimento das empresas de sociedade anônima possibilitam:

...uma transição para a conversão de todas as funções no processo de reprodução que ainda continuam ligadas à propriedade capitalista em meras funções de produtores associados, em funções sociais.

No mesmo volume, o cooperativismo aparece como uma espécie de:

...abolição do modo de produção capitalista dentro do próprio modo de produção capitalista, e consequentemente uma contradição que se dissolve a si mesma, que evidentemente representa uma mera fase de transição para uma nova forma de produção.

Infelizmente, tais expectativas não se confirmaram. Duas guerras mundiais bastam para constatar o quão sanguinária e feroz pode ser a dominação capitalista.

Quanto a transições econômicas suaves rumo à socialização das riquezas, a enorme concentração capitalista atual não permite muitas esperanças.

Mas também para Marx, a esperança era a última a morrer. No caso, de morte matada pelo capital.

Leia também: O que Marx aprendeu com uma turma boa de briga

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