Doses maiores

29 de agosto de 2018

A lógica antidemocrática dos memes

Já circula pelas redes a foto da palma da mão de Bolsonaro, captada durante sua entrevista ao Jornal Nacional, ontem. Nela estavam escritas as palavras Deus, Família, Brasil.

Óbvio que nem ele teria dificuldades para lembrar de palavras tão simples. Muito provavelmente, foram inscritas para gerar “memes”. Segundo a Wikipedia:

Meme é um termo criado em 1976 por Richard Dawkins no seu bestseller “O Gene Egoísta” e é para a memória o análogo do gene na genética, a sua unidade mínima. É considerado como uma unidade de informação que se multiplica de cérebro em cérebro ou entre locais onde a informação é armazenada (como livros).

O candidato Enéias Carneiro marcou as eleições presidenciais de 1989 a 1998. Muito antes de os memes se popularizarem, ele já tinha o seu. Era o bordão “Meu nome é Enéias”.

Com tempo minúsculo no horário eleitoral, a isso se resumiam as propostas de Enéias. Apesar disso, foi eleito deputado federal em 2002, com mais de 1,3 milhão de votos.

A grande popularidade de Enéias mostrava que o pouco tempo para propaganda eleitoral não lhe era necessariamente prejudicial. Ao contrário, ele tinha menos chance de revelar suas ideias políticas grosseiras. Ruim, mesmo, só para o debate político.

No horário eleitoral, Bolsonaro terá direito a apenas 9 segundos diários. É o que basta para disparar muitos memes, enquanto suas ideias pré-históricas e propostas sem consistência ficam em segundo plano.

Qual a solução? Para começar, tempo igual e suficiente para que todas as candidaturas exponham seus programas e ideias. Mais horário eleitoral obrigatório, menos Jornal Nacional. Mais democracia, menos memes.

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