Lula já foi descrito como uma espécie de “cavalo de terreiro” das contradições sociais do País. Cavalo no sentido de médium que é “possuído” por entidades espirituais.
No caso em questão, essas entidades seriam os conflitos e contradições de uma das sociedades mais injustas do planeta. E Lula seria alguém que as manifesta de forma barulhenta, porém conciliadora.
O mesmo tipo de conciliação tentado pelo varguismo para modernizar o capitalismo brasileiro, procurando incluir as massas. Lula quer algo parecido, mas usando sua origem e ligação com os movimentos sociais como fiadoras em acordos arrancados junto à classe dominante.
O problema é que seu vocabulário sindical e sotaque sertanejo formam uma combinação indigesta demais para uma burguesia elitista e colonizada. Vargas bateu contra a parede imposta por sua própria classe e se suicidou. Lula recebeu o castigo reservado a muitos de sua origem social: a cadeia.
Uma vez fora da prisão, a nova tarefa assumida por Lula foi a de organizar a direita tradicional contra a extrema-direita. Ocorre que a primeira mal consegue se distinguir da segunda. E a governabilidade petista depende mais do que nunca do Centrão, o que inclui a presença de bolsonaristas na base parlamentar e até em ministérios.
Some-se a tudo isso um congresso que controla quase todo o orçamento federal e uma subordinação suicida à austeridade fiscal que castiga a grande maioria da população.
Tudo isso parece indicar que o terreiro petista vem sendo rapidamente dominado pelos espíritos diabólicos da direita. Enquanto isso, o conjunto da esquerda mal consegue abandonar o plano espectral para se encarnar como força concreta no mundo real.
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Muito boa essa Pílula, curta e grossa. Adorei. Agora, o título, não que não gostei, mas achei bem Zé Ramalho musicalmente. Sim, gosto dessas hipérboles. Bjs.
ResponderExcluirAvohai! Beijos
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