No dia do aniversário da capital fluminense, o Globo traz reportagem sobre a megaprodução “Rio”. O desenho animado deve estrear em abril e é dirigido pelo brasileiro Carlos Saldanha. Um criador realmente talentoso, como provam suas participações em obras como “Era do Gelo” e “Robôs”.
A produção conta com a vocação do Rio de Janeiro para ser cenário. Quase sempre na condição de “Cidade Maravilhosa”. O problema é que, como todo cenário, este também é muito mais aparência que realidade.
Ele começou a ser construído no começo do século 20. Momento da primeira grande operação de remoção e expulsão de pobres das áreas consideradas nobres ou prioritárias da cidade. É o famoso “bota abaixo” do prefeito Pereira Passos. Foi aí, que começou a surgir a imagem do Rio como cidade maravilhosa. E entre suas “maravilhas” não estavam a pobreza e o trabalho mal pago.
Nos quase 100 anos seguintes, ocorreram operações parecidas, em menor escala. Mas, a pobreza se alimenta de uma das estruturas sociais mais injustas do planeta. Teima em estragar o cartão postal. Então, uma nova edição do velho “bota abaixo” vem aí. Desta vez, para recepcionar as Olimpíadas em 2014 e a Copa em 2016.
Os governos querem dar uma boa “limpada” no cenário. Assim, ele pode ficar mais parecido com as caprichadas imagens virtuais do filme de Saldanha. Não é demais lembrar que ao primeiro “bota abaixo”, a população pobre respondeu com a Revolta da Vacina. Episódios não previstos no roteiro não podem ser descartados.
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