Doses maiores

12 de setembro de 2011

Redes sociais podem ajudar ditaduras?

Ditadores não deveriam censurar redes sociais como o twiter. Para eles, ruim com elas, pior sem elas. É o que revela texto publicado no Observatório da Imprensa sob o título “Estudo defende que mídias sociais desaceleram mobilização”.

Navid Hassanpour é aluno de ciências políticas na Universidade de Yale. Ele fez um estudo sobre as revoltas populares no Egito no início deste ano. Procurou avaliar a eficácia do bloqueio dos serviços de internete ordenado por Mubarak.

Navid acha que poderia ter sido melhor para o ditador manter livre o acesso às redes sociais. Referindo-se ao aumento dos protestos depois do dia 28/01, Hassanpour chegou à seguinte conclusão:
A interrupção do acesso à rede e do sistema de telefonia celular no dia 28 exacerbou a inquietação em pelo menos três maneiras. O fato envolveu muitos cidadãos apolíticos que não sabiam ou não estavam interessados nos protestos; forçou a comunicação cara a cara e, consequentemente, gerou mais presença física nas ruas; e, finalmente, descentralizou a rebelião, por meio de novas táticas de comunicação híbridas, produzindo uma situação muito mais difícil de controlar e de reprimir do que uma única reunião massiva na Praça Tahrir.
A queda de Mubarak pode ter sido acelerada por esse fenômeno. Hassanpour diz que “ficamos mais normais quando sabemos, de verdade, o que está acontecendo – e ficamos mais imprevisíveis quando não sabemos”.

O estudo de Navid fornece pistas importantes. Mas são muitas as contradições. Nas recentes manifestações européias as democracias de fachada também tentaram bloquear as redes virtuais. Em Londres, o alvo foram os blackberry. Não foi possível porque são muito usados por empresários.

Por outro lado, um fluxo contínuo de informações desorganizadas pode ser mais eficiente que a censura pura e simples. Pode afogar nossa capacidade de reação em seus bilhões de dados.

Mais uma vez fica claro que redes sociais não passam de ferramentas. O importante é saber por quem e com que objetivos elas são utilizadas.

Leia também: Google e Facebook não têm nada de revolucionário

5 comentários:

  1. Fica claro que as mídias sociais são facilmente controláveis e censuráveis porque estão na mão do poder dominante. Não podem ser um fim em si. Também estão registados pelo controle realizado pelo todo poderoso Google. Pensar nisso me dá arrepios, pq nos torna muito vulneráveis.

    ResponderExcluir
  2. Tudo que escreve-se ou fica registrado no mundo virtual poderá ser utilizado contra os mesmos que escrevem. Assim como o anti-terrorismo de 11 de setembro, poderá ser criado um novo sentido de controle da matrix.

    ResponderExcluir
  3. O estudo não diz que as redes sociais ajudem as ditaduras. Diz que reagir censurando pode ser pior para a ditadura do que não reagir (melhor seria para a ditadura que elas não existissem). De um jeito ou do outro as redes sociais ajudaram a mobilização.

    ResponderExcluir
  4. Exato, Marcelo.Nem o estudo nem o texto dizem categoricamente que as redes apóiam ditaduras. Por isso, o título tem uma interrogação. E também diz que elas “não passam de ferramentas e que “o importante é saber por quem e com que objetivos são utilizadas”.
    Abraço!

    ResponderExcluir
  5. E petições públicas como as da "avaaz" podem ser facilmente desmoralizadas ou usadas ao contrário. As pessoas costumam confiar na intenção e alguém que esteja sendo prejudicado pelas petições pode querer desmoralizar o processo criando campanhas falsas. Pode também, fazendo um jogo de palavras, levar a um entendimento errado do que trata a petição e manipular o processo. São ferramentas valiosas mas tem que ser usadas com cuidado. Eu não saio assinando qq coisa se não tiver um mínimo de conhecimento dela mas duvido q a maior parte das pessoas faça assim.

    ResponderExcluir