Doses maiores

12 de junho de 2013

100% de segurança: 100% de autoritarismo e terror

“Seremos todos espionados” é o título da coluna de Pedro Dória, publicada em 11/06 no Globo. O texto trata do escândalo envolvendo a espionagem em massa promovida pela Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos. O órgão teve suas atividades denunciadas por Edward Snowden, ex-funcionário da CIA.

Centenas de milhões de e-mails, conversas por Skype, em redes virtuais e fóruns da internete, são espionadas em todo o mundo. Mas Dória chama a atenção para um aspecto pouco destacado pela grande imprensa. A tecnologia que possibilita acessar este oceano de dados foi desenvolvida por empresas de ponta, como Google, Facebook, Apple e Microsoft.

O articulista diz que a intenção dessas empresas jamais foi a espionagem:

A ideia é usar para vender publicidade. Mas, neste caso, publicitários e espiões desejam exatamente a mesma coisa: conhecer com tantos detalhes quanto possível os reais desejos de cada indivíduo. A tecnologia desenvolvida para um serve como uma luva para o outro.

O comentário revela uma perigosa combinação de poder político e econômico. O Estado produz um cidadão constrangido em suas ações e reações. O mercado fabrica um consumidor cujas opções se reduzem ao que comprar. O primeiro rastreia as pessoas, o segundo as conduz. Um serve ao outro e ambos provocam e alimentam conformismo em larga escala.

Ao tentar se justificar, Obama disse: "Não é possível ter, ao mesmo tempo, 100% de segurança e 100% de privacidade com inconveniência zero". Portanto, fiquemos com os 100% de autoritarismo que o capitalismo vai consolidando tanto no campo político, como no econômico. O saldo tem sido mais terror, principalmente o de Estado.

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