Doses maiores

24 de junho de 2013

É hora de espantar as galinhas

Era 7 de outubro de 1934, Praça da Sé, São Paulo. Os fascistas da Ação Integralista se preparavam para realizar uma grande marcha. Anarquistas e comunistas e sindicalistas organizados na Frente Única Antifascista tomaram a praça e expulsaram os fascistas. O episódio ficou conhecido como “Revoada dos galinhas-verdes”, em alusão à cor dos uniformes dos integralistas.

Não chegamos a esse ponto. Vários partidos e organizações populares estão preparando uma resposta à ofensiva da direita nas manifestações populares que tomam o País. A mais ampla unidade dos setores da esquerda é muito importante. Mas não há ameaça fascista grave o suficiente para justificar uma frente em torno somente do combate a ela.

Também não podemos adotar como eixo de unidade a defesa dos governos. Não aceitamos golpes contra governantes eleitos, mas foram suas políticas, alianças e prioridades que provocaram a justa ira popular. Não negociamos com quem autoriza o uso e abuso da violência policial. Não apenas contra manifestantes. A repressão que se abate diariamente sobre a população pobre conta com a ação e a omissão governamental.

Uma frente de esquerda e de luta não pode ter como objetivo sentar à mesa com quem ignora os movimentos sociais há anos. Deve colocar suas exigências na rua. E delas devem constar a Reforma Agrária imediata; Reforma Urbana, incluindo transporte coletivo, público e gratuito; extinção da Polícia Militar; fim do superávit primário: mais gastos sociais, com dinheiro público apenas para serviços públicos, entre outras.

Por enquanto, seremos capazes de espantar algumas galinhas. Mas ajudaria se alguns governantes parassem de cacarejar e ciscar nos terreiros da direita.

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