Doses maiores

17 de junho de 2013

Os vigaristas programados da grande mídia

Camila Rodrigues, Bruno Fonseca, Luiza Bodenmüller e Natalia Viana publicaram “A revoada dos passaralhos”, em 11/06, no Observatório da Imprensa. Passaralho é uma gíria para demissões em massa nos meios de comunicação.

Segundo o artigo, somente na capital paulista, foram 280 demissões de janeiro a abril deste ano. Número muito alto se considerarmos os 1.230 jornalistas demitidos em todo o Brasil, em 2012. Os autores atribuem as demissões a “reestruturações”. Na verdade, “formas de organizar o trabalho usando menos pessoas e mais tecnologia”.

E é de tecnologia que fala um artigo de Pedro Burgos publicado em maio de 2012. Em “Por que devemos nos empolgar com a invenção de robôs-jornalistas”, ele comenta a criação de robôs jornalistas capazes de gerar textos idênticos aos de seus colegas humanos.

Na verdade, não são os robôs que se elevaram ao nível dos jornalistas. São estes que tiveram sua atividade rebaixada ao nível de notícias em série e sob encomenda. Regra quase absoluta na grande imprensa.

Por outro lado, há uns poucos profissionais com emprego garantido. Muito bem pagos, eles envergonham toda a categoria. Cumprem papel vergonhoso na cobertura das manifestações contra o aumento das passagens do transporte público, por exemplo.

Estamos falando de gente como Merval, Sardenberg, Jabor, Amorim, Datena, Mainardi e vários outros. Vigaristas programados para justificar os interesses de seus patrões e dos governantes. Mostram que não é só a tecnologia que coloca em risco o jornalismo. Na grande mídia, a atividade se vê ameaçada também pela rendição a interesses minoritários e poderosos.

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