Doses maiores

26 de agosto de 2014

Getúlio: um gênio a serviço de nossos inimigos

Em 24/08, sessenta anos atrás, morria Getúlio Vargas. A data foi muito comentada na grande imprensa. Mas a presidenta Dilma foi particularmente infeliz ao chamar o ex-presidente de “grande democrata”.

Não é o que mostra a excelente biografia recém-lançada por Lira Neto sobre Vargas. Ele chefiou uma ditadura por 15 anos. Fechou partidos e jornais. Autorizou a prisão e tortura de milhares de pessoas, principalmente comunistas.

Quando Vargas voltou ao poder pelo voto popular, teve enorme dificuldade para governar com o parlamento aberto e a imprensa livre. Ainda que ambos fossem dominados por gente ainda pior que ele.

Se há algo inegável sobre Getúlio é sua genialidade política. Sob seus governos, ele aperfeiçoou a dominação burguesa no Brasil. E fez isso contra a vontade de grande parte da própria burguesia. Por isso, disse certa vez: “Estou tentando salvar esses burgueses burros e eles não entenderam”.

E do quê Vargas queria salvar a burguesia? Dos movimentos sociais, do povo revoltado.

Getúlio trocou as patas de cavalo na relação com os movimentos sociais pela cooptação. Substituiu a arrogância elitista pelo apelo ao povo, por cima de partidos e instituições. Criou um Estado que funciona perfeitamente até hoje quando o objetivo é servir ao grande capital.

Eleito para o segundo mandato, Vargas foi saudado com uma marchinha de carnaval que fez enorme sucesso. Ela dizia “O sorriso do velhinho faz a gente trabalhar”. Alguém capaz de manter milhões sob exploração pela força de seu sorriso também era um gênio da disputa hegemônica.

Getúlio não foi democrata. Foi um grande líder de massas a serviço de nossos inimigos.

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