Doses maiores

7 de agosto de 2014

O banco dos BRICS, abutres e urubus

Em 15 e 16/07, representantes dos “Brics” (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) se reuniram em Fortaleza, Ceará. Anunciaram a criação de um banco de desenvolvimento para financiar projetos do grupo e de outros “países em desenvolvimento”.

Mas a nova instituição já surge a serviço de velhos objetivos. É o que diz a “Carta de Fortaleza”, divulgada por movimentos populares de várias parte do mundo. Segundo o documento, o modelo de desenvolvimento proposto é:

... baseado na extração intensiva da natureza, na concentração do poder e da riqueza e na adaptação jurídica e política das instituições aos interesses dos grandes mercados e no agravamento das injustiças sociais e ambientais.

O novo banco tem sido considerado uma forma de garantir proteção econômica e agilizar a ajuda financeira a seus membros em caso de crise. Mas há um enorme desnível de poder interno ao grupo.

A China é a segunda economia do mundo. Prestes a se tornar a primeira. Além disso, seu parque industrial deixa o restante dos países do grupo no chinelo. Compra commodities de baixo valor acumulado e vende tecnologia de ponta. Não à toa, a sede do novo banco será em Xangai.

Há quem pense que a medida contribuirá para afastar a influência das “potências imperialistas” ou fugir dos riscos dos chamados “fundos abutres”. Pura ilusão. De um lado, o imperialismo esmagador do capital chinês. De outro lado, não há barreiras capazes de impedir que papéis das dívidas públicas venham a cair em garras rapinantes, como aconteceu com a Argentina.

No máximo, trocaríamos abutres por urubus, mas isso não parece nada tranquilizador.

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