Doses maiores

3 de março de 2015

A transgenia pode ser uma espécie de criacionismo

Piracicaba deve receber em breve os primeiros mosquitos “aedes aegypti” geneticamente modificados criados para combater a dengue.

Sem aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária para comercializar o serviço, o projeto ocorre como teste a cargo da empresa britânica Oxitec.

Os insetos “fabricados” são todos machos, portanto não picam. Estéreis, serão soltos no ambiente para concorrer com os machos férteis, diminuindo a população de mosquitos.

Em 26/01, Leonardo Melgarejo, publicou artigo sobre o tema no jornal Brasil de Fato. Para ele, concentrar o combate à dengue na eliminação do “aedes aegypti” pode abrir espaço para a proliferação do “aedes albopictus”, mosquito que espalha a febre “chikungunya”.

Segundo Melgarejo, o combate ao primeiro mosquito precisa se combinar a medidas adicionais. Caso contrário, um dos riscos é trocar uma epidemia pela outra.

Este é mais um exemplo dos delírios da transgenia.

Na verdade, a manipulação genética sob controle do capital assemelha-se ao criacionismo. Como se sabe, os criacionistas acham que o universo foi criado graças a uma inteligência superior e de uma vez para sempre. Como estava ficou.

Os negociantes da transgenia também acham que uma vez que sua engenharia chega a uma solução, haverá somente as consequências que eles previram. Tomam-se por criadores infalíveis, a salvo de efeitos imprevisíveis.

Mas não é assim. A resistência das plantas transgênicas ao uso de pesticidas, por exemplo, transformou o Brasil em campeão do uso de agrotóxicos. Para piorar “pragas” desenvolvem resistências, exigindo aumento na dose dos venenos.

Não se trata exatamente de criacionismo, claro. Parece mais uma espécie de apocalipse programado, com cada vez menos chances de dar errado.

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