Doses maiores

12 de março de 2015

O baile de máscaras deste fim de semana

Segundo Marx, a história acontece primeiro como tragédia, depois se repete como farsa. Na verdade, a história nunca se repete. Já tragédias e farsas parecem ser produzidas em série.

Em 13 de março de 1964, ocorreu um comício patrocinado pelo governo João Goulart. Era a deixa para que um golpe militar mergulhasse o País na tragédia. Na próxima sexta-feira 13, exatos 51 anos depois, acontecerá manifestação em favor do governo Dilma. No domingo a seguir, um ato contra esse mesmo governo.

Meio século atrás, o comício governista defendia um programa considerado incendiário pelo conservadorismo arcaico das classes dominantes. Agora, os organizadores da manifestação que defende o governo atacam abertamente o programa desse mesmo governo.

Já a manifestação anti-Dilma, reúne setores que atacam o governo por adotar o programa que eles mesmos defendem. Também denunciam a corrupção situacionista. Mas parecem mais preocupados em manter o monopólio da roubalheira sob controle de seus ladrões favoritos. Afinal, seu mote é “Cansei de ser roubado PELO PT”.

Como se vê, a realização das duas manifestações não é exatamente uma tragédia. Está mais para um baile à fantasia. Mascarada em que governistas temem descobrir um Joaquim Levy sob os véus de cada odalisca e golpistas não suportam a ideia de surpreender sob feiosas alegorias seu folião favorito.

Enquanto isso, os verdadeiros financiadores de toda essa fanfarrice mantêm a maioria explorada do lado de fora da folia. Multidão que costuma ser quieta, mas sabe improvisar suas próprias festas. A mais recente foi em junho de 2013 e assustou. Mas não o bastante para fazer farsantes e trágicos abandonarem sua dança desajeitada.

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