Doses maiores

12 de dezembro de 2016

O Homo Deus e sua divina encrenca

Em seu livro “Homo Deus”, Yuval Harari considera que os últimos 70 mil anos correspondem à era do Antropoceno.

Neste período, diz ele, o Homo sapiens levou à extinção todas as outras espécies humanas do mundo, 90% dos grandes animais de Austrália, 75% dos grandes mamíferos da América e aproximadamente 50% dos grandes mamíferos terrestres do planeta.

Mas a tese mais aceita considera que essa fase geológica começou com a Revolução Industrial, quando a humanidade teria passado a afetar o destino do planeta tanto quanto placas tectônicas e vulcões.

De qualquer maneira, a tese do autor é coerente com a seguinte sequência lógica. Com a Revolução Agrícola, a humanidade silenciou animais e plantas e transformou o que era uma “ópera grandiosa” em um "diálogo entre o homem e os deuses".

Com a Revolução Científica, a humanidade passou a silenciar os deuses também. Os antigos caçadores-coletores eram apenas outra espécie de animal. Os agricultores se viam como o ápice da criação. Os cientistas pretendem nos elevar à condição de deuses.

A mais nova obsessão humana seria conquistar a divindade, criando novos seres principalmente por meio da Inteligência Artificial. O problema seriam os riscos que um salto destes implicaria. Poderíamos criar uma forma de vida que viria a nos escravizar?

Depende, responde o autor. Nossas criaturas robóticas poderiam adotar como modelo de comportamento nossa relação com as outras espécies. Fariam conosco o mesmo que fazemos com elas.

Basta olhar para a crueldade com que tratamos os outros animais e o desprezo que dispensamos ao restante do ecossistema para imaginar o tamanho da encrenca.

Leia também: Porque deixamos de falar com animais e plantas

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