Doses maiores

4 de maio de 2018

Para Marx, igualdade é coisa de burguês

Em seu livro “Marx Estava Certo”, Terry Eagleton procura refutar as “dez das críticas mais frequentes a Marx”. E uma delas é a de que “o socialismo nos tornaria, todos, iguais”.

É verdade que, para Marx, “a igualdade abstrata” era um avanço bem-vindo com relação às hierarquias do feudalismo, diz Eagleton. Mas ele achava que essa pretensão igualitária não tinham chance de tornar-se concreta para todos enquanto o capitalismo ainda existisse.

Segundo Eagleton, Marx achava que “igualdade genuína não significa tratar todos do mesmo jeito, mas atender às necessidades diferentes de cada um de forma igual”.

O autor também diz que Marx era contra um tipo de comunismo que envolve um nivelamento social geral e o denuncia nos “Manuscritos econômicos e filosóficos” como “uma negação abstrata de todo o mundo da cultura e da civilização”. Ele:

...encarava a igualdade como um valor burguês. Via nela o reflexo na esfera política do que chamava valor de troca, em que uma commodity tem o valor nivelado com o de outra. Uma commodity, comentou certa vez, é a “igualdade concretizada”.

É esta a igualdade que prevalece numa sociedade que despreza a “individualidade das coisas e das pessoas”, diz Eagleton. Foi o capitalismo, e não o socialismo, que padronizou os indivíduos.

Eagleton não aborda a manutenção e radicalização dessa padronização pelo “socialismo” stalinista. Mas é possível dizer que trata-se daquele “comunismo nivelador” condenado por Marx. Uma das piores consequências do covarde cerco imposto pelo imperialismo à Revolução Bolchevique.

O resultado foi uma caricatura que, mais do que exagerar a igualdade burguesa, nos revela ainda mais razões para combatê-la.

Leia também: No comunismo, ainda haveria inveja, sofrimento, mau gosto…

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