Doses maiores

1 de março de 2019

Partidos digitais, precisamos falar sobre eles

Os partidos digitais são o tema do livro “The Digital Party”, recém-lançado e ainda sem tradução para o português. O autor é Paolo Gerbaudo, diretor do Centro de Cultura Digital no King's College, em Londres. 

Segundo Gerbaudo, os pioneiros foram os Partidos Piratas, surgidos em países do Norte da Europa. Mais recentemente, surgiram formações de esquerda como o “Podemos” espanhol e “França Insubmissa”. Outro exemplo é o “Cinco Estrelas” italiano, cada vez mais inclinado à direita.

Eles prometem uma nova política apoiada pela tecnologia digital. Alegam que seria mais democrática, mais aberta às pessoas comuns, mais imediata e direta, mais autêntica e transparente.

Seriam a solução para o déficit democrático que transformou os partidos tradicionais em instituições dominadas por tecnocratas e políticos que servem apenas a si mesmos.

Pretendem resolver a crise da democracia, a partir da organização que, tradicionalmente, sempre agiu como o principal elo entre os cidadãos e o Estado: o partido político.

No entanto, tal reestruturação organizacional não leva, como alguns de seus defensores gostariam que acreditássemos, a uma difusão radical do poder na organização, nem leva a uma situação na qual "todos têm o mesmo peso",

Pelo contrário, há uma tendência mais ambígua. Uma crescente concentração de poder nas mãos do líder do partido carismático, a quem o autor descreve como "hiperlíder", acompanhado de uns poucos à sua volta.

Uma "democracia reativa" que se manifesta pelo domínio de formas de um "engajamento democrático passivo". Constantemente retroalimentadas por intervenções da liderança, feitas de cima para baixo.

Partidos digitais, vamos falar sobre eles.

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