Doses maiores

8 de outubro de 2019

Disrupção, não. Revolução

Com o costumeiro estardalhaço, acabou de ser lançado o iPhone 11. Mas pouca gente sabe que a Apple não fabrica esses aparelhos. Eles são feitos em Taiwan, pela Foxconn, que emprega mais de 1,3 milhão de trabalhadores. Em sua maioria, mulheres.

O iPhone custa caro. Cerca de R$ 9 mil no Brasil. Mas a maior parte dos lucros de sua venda não vai para a Foxconn, muito menos para seus trabalhadores. Como a Apple possui a propriedade intelectual sobre o aparelho, ela fica com o grosso dos ganhos.

Em 2014, Ahmet Tonak realizou um estudo sobre o iPhone 6, utilizando o conceito marxista de taxa de exploração. Como integrante do Instituto de Pesquisa Social Tricontinental, Ahmet atualizou suas análises para o iPhone X.

A descoberta mais assombrosa da análise é que os trabalhadores que fabricam esses telefones espertos são 25 vezes mais explorados do que os operários das fábricas têxteis dos século 19, na Inglaterra.

Isso nos faz lembrar de que apenas uma parte mínima da jornada de trabalho compõe o valor do salário que o trabalhador recebe. Na quase totalidade do dia trabalhado, os operários produzem para ampliar a riqueza do capitalista. Ou seja, a esperteza por trás disso tudo é muito maior do que a que aparece nos telefones.

O fato é que há pouca coisa nova no capitalismo dos smartphones e aplicativos. É por isso que não dá pra ficar na disrupção. Disrupção é o mais recente nome adotado para as rupturas que o capitalismo cria para renovar seu domínio. Mas contra a exploração capitalista, só a revolução.

As informações acima estãoaqui.

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