Doses maiores

2 de outubro de 2019

Sem “recall” para o capitalismo

O Financial Times, considerado a "bíblia" do jornalismo econômico, lançou, em sua edição de 18/09/2019, uma campanha pelo “recomeço" do capitalismo.

Em carta aos leitores, o diretor de redação do jornal admitiu que o sistema está "sob pressão".

A reportagem da BBC sobre o episódio cita outros neoliberais britânicos que chegaram a conclusões semelhantes.  

É o caso do historiador Thomas Babington Macaulay, para quem “é necessário reformar para preservar. É tempo para um reinício".

Já Paul Collier, professor de economia em Oxford, sugeriu o seguinte a seus companheiros conservadores: "Mova-se para a esquerda na economia e fale a língua do pertencimento". Tocante!

Nos Estados Unidos, Noah Smith, professor da Universidade Stony Brook, diz que a atitude em relação ao sistema é “reformá-lo e não revoltar-se contra ele”.

Por fim, Martin Wolf, o mais influente comentarista econômico neoliberal, foi pelo mesmo caminho em sua coluna do Financial Times:

O capitalismo não funciona mais. Há muita desigualdade, empresas que ignoram legalmente o fisco, monopólios digitais que dominam o mundo e estão fazendo as pessoas perderem a confiança no capitalismo democrático. Se continuarmos assim, o sistema corre o risco de não sobreviver.

Mas digamos que, tratando-se de capitalismo, a bagaça já tá toda muito bichada. Até porque o sistema sente uma atração inevitável e fatal pela barbárie.

Foi assim com Hitler, Mussolini, Pinochet. Está sendo assim com Trump, Órban, Bolsonaro, Boris Johnson. E mesmo os mais envernizados dos governantes, como Macron, preferem agradar os ricos e perseguir imigrantes a fazer alguma justiça social.

Com o capitalismo não tem jeito. Não adianta pedir devolução, só revolução.

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4 comentários:

  1. O professor Collier deu o caminho aberto pra solucionar o inbróglio. Até Wolf admitiu alguns dos sérios erros do sistema. Restaria aos demais segui-lo...
    Devido a interesses dos quais já sabemos, o problema é admitir a necessidade de seguir tal caminho.

    Abração!

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  2. Gostei do sentido e da rima da última frase.

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