Doses maiores

19 de maio de 2020

Pandemia: a Inteligência Artificial e a estupidez do capital

Nos últimos anos, uma das ameaças que vinham sendo apontadas como provável elemento para desemborcarmos em um cenário apocalíptico era a Inteligência Artificial.

Alguns especialistas previam a escravização da raça humana por robôs. Outros imaginavam nossa vida social reduzida a algoritmos que ditariam nossas escolhas.

Chegou a pandemia e essas possíveis ameaças passaram a ser saudadas como ferramentas valiosas.

Agora, elas nos permitem trabalhar de maneira remota. De repente, algoritmos, big data e rastreamento digital passaram a ser fundamentais para o combate ao coronavírus.

Certo, mas onde estava toda essa tecnologia antes desse e outros vírus surgirem?

A capacidade de processamento e simulação de cenários utilizando as massas de dados que começaram ficar disponíveis nas últimas décadas é enorme. Poderia ter antecipado e impedido muitas das consequências desastrosas por que passa grande parte da população mundial.

Mas todo esse poder tecnológico estava a serviço de outros objetivos: aumentar o consumo, acelerar a circulação das mercadorias, manter a acumulação capitalista e favorecer movimentos especulativos. Tudo isso para concentrar imensa riqueza nas mãos de minorias cada vez mais minúsculas.

Além disso, com tanta desigualdade social, os avanços digitais também estão voltados para aperfeiçoar os sistemas de vigilância e repressão necessários para impedir ou esmagar qualquer tentativa de mudar essa situação profundamente injusta.
   
Tecnologia é técnica mais ideologia. Esta definição é perfeita para entendermos muito do que está acontecendo. E não vale apenas para dispositivos digitais.

Grande parte do veloz desenvolvimento técnico atual está a serviço única e exclusivamente dos lucros. A verdadeira ameaça apocalíptica que ronda a humanidade não é a Inteligência Artificial, mas a estupidez do capital.

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