Em 1950, a primeira transmissão por televisão foi feita para apenas 200 aparelhos de recepção no Brasil. A nova tecnologia era inofensiva. Somente 15 anos depois se tornou ameaçadora.
Sob a ditadura militar, foi criada uma rede nacional de transmissão, com a Globo no comando. Os generais precisavam se legitimar. A TV seria uma de suas armas mais potentes.
De lá pra cá, muita coisa mudou. Menos o poder da TV e os interesses a que serve. Fala-se muito em novas mídias, internete, redes. Realmente, essas novas tecnologias tornaram a comunicação alternativa mais ágil e eficiente. Mas, são mais de 170 milhões de espectadores de TV contra menos de 14 milhões de internautas, no País.
E muito do conteúdo presente na rede de computadores está baseado no que a televisão pauta. São milhões de postagens envolvendo novelas, filmes, esportes e notícias produzidas pela TV. Com suas distorções, omissões, mentiras e valores conservadores.
Antes imprimíamos panfletos e jornais caros e de tiragem limitada. Hoje, editamos páginas eletrônicas a custo baixo e com maior audiência. Mas, a briga continua a ser entre um bando desorganizado de Davis e vários exércitos disciplinados de Golias.
A poderosa Globo perdeu audiência? Sim. Perdeu terreno para concorrentes tão monopolizados como ela. E boa parte do que fazem, ou imita o padrão global, ou são ainda piores que ele.
O fato é que sem a democratização das comunicações, sete famílias vão continuar a determinar como a grande maioria deve pensar. E com mais habilidade. Já não se limitam a esconder a realidade, como faziam sob a ditadura. Mostram os pedaços dela do modo que lhes interessa.
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