A orientação é que os jornalistas evitem manifestar posições partidárias e políticas, antecipar reportagens que serão publicadas ou divulgar bastidores da redação, a menos que seja decisão do UOL, e emitir juízos que comprometam a independência ou prejudiquem a imagem do portal.É verdade que nenhuma das práticas acima é tema necessário das conversas de participantes de redes sociais. Além disso, fazer parte dessas redes poderia ser considerado algo distante do cotidiano de trabalho. O problema é que a vida particular de vários profissionais há muito tempo foi colonizada pelos deveres exigidos pelo empregador.
O fato é que muitos trabalhadores já não conseguem livrar-se de seus deveres profissionais fora do horário de trabalho. É a jornada de trabalho engolindo as horas de descanso, lazer, estudo, etc. É a “colonização” da vida pessoal pela vida profissional.
A situação dos jornalistas parece ainda pior. Evitar assuntos que envolvam política e cotidiano de trabalho pode inviabilizar a própria vida social. É como entrar numa conversa impedido de falar sobre aquilo com que mais se tem contato. É o que as empresas de comunicação estão fazendo quando ditam restrições a seus empregados nas redes sociais.
Mas, isso não passa da adaptação de uma regra que já existe há muito tempo. É o que acaba admitindo, por exemplo, Ricardo Gandour, diretor do Grupo Estado. Segundo ele, “as regras contra a divulgação de posições partidárias e políticas é algo que já faz parte do manual de redação, antes das redes sociais".
Com o emprego em jogo, trata-se muito mais de censura do que de autocensura. A vida pessoal seqüestrada pelo ritmo de trabalho. As opiniões públicas interditadas pelos patrões. É a dura realidade de uma profissão cada vez mais castrada.
Clique aqui para ler a reportagem do Comunique-se.
Leia também: A gente também sabemos falar
Nenhum comentário:
Postar um comentário