Doses maiores

20 de junho de 2014

Futebol, veneno e remédio

As duas últimas pílulas foram inspiradas por “Veneno Remédio: O Futebol e o Brasil”, de José Miguel Wisnik. O livro lançado em 2008 mereceria ser sucesso de vendas. Pelo menos, entre os que amam o esporte sem abrir mão de pensar sobre ele.

Wisnik é professor de literatura brasileira na USP. Ótimo pianista, é compositor refinado de canções gravadas por ele e outros intérpretes em vários CDs. É frequentador das partidas de futebol promovidas por Chico Buarque.

Santista de nascimento e de time, Wisnik jogou muita bola na praia quando criança. Foi adepto da pelada, que é jogada em terreno delimitado por “linhas imaginárias” e onde o próprio gol é “coisa abstrata”.

A proposta do estudo é interpretar o futebol “por dentro”, e não somente a partir de seu entorno. Não se trata apenas de revelar os interesses políticos, econômicos e inconfessáveis que cercam o esporte mais popular do mundo.

Mais que isso, a obra procura abordar o futebol como o “nó cego em que a cultura e a sociedade se expõem no seu ponto mais visível e invisível”. Paixão nacional que é “veneno remédio, uma droga inebriante e potencialmente letal que oscila com uma facilidade excessiva entre o a plenitude e o vazio”.

É preciso suar a camisa para acompanhar o rápido e inspirado deslocamento do autor pelas várias posições de onde é possível compreender o futebol. Mas o esforço vale a pena.

A leitura está pela metade, pouco mais adiantada que o andamento da Copa. O prazer que virá da primeira já está garantido. É torcer para que aconteça o mesmo com o segundo.

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