Doses maiores

25 de julho de 2014

Entre o circo tradicional e o midiático

Em 2013, o Sesc e a Fundação Perseu Abramo realizaram uma pesquisa sobre hábitos culturais dos brasileiros. A esquerda deveria estudar seus resultados. A direita já o faz, lamentando dados como:

- 89% dos entrevistados nunca foram a uma ópera ou concerto de música clássica;
- 75% nunca foram a espetáculos de dança ou balé;
- 71% nunca estiveram em exposições de pintura, escultura e outras artes;

Tais queixas mal conseguem esconder os preconceitos em relação à arte e diversão mais populares. A mesma pesquisa aponta, por exemplo, “Dançar em balada/ baile/ forró/ gafieira” como segunda opção de lazer, com 80% de citações pelos entrevistados.

Não se trata de discutir quais atividades de lazer proporcionam “capital cultural” relevante. Assistir a um concerto não implica necessariamente maior contato com a diversidade artística de que a humanidade é capaz. Jamais ter ido a um forró ou gafieira também é manter uma alta proporção de ignorância cultural.

Alguns dados são mais objetivos e preocupantes. É o caso dos 58% que não haviam lido nenhum livro nos últimos 6 meses. Aqui já não está em debate a qualidade da leitura, mas sua raridade. E a dependência de fontes audiovisuais de informação e cultura, monopolizadas por grandes corporações. As mesmas que lucram com o consumo cultural de massa, repetitivo e pouco variado.

Surpreendente é a citação do Circo como uma das atividades mais apreciadas e a quarta em frequência. Trata-se do circo tradicional. Não aquele midiático, que a direita tenta impor e nós, da esquerda, costumamos usar para esconder nossa incompetência na disputa de corações e mentes.

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