Doses maiores

8 de maio de 2015

Sobre traições amorosas e projetos políticos

As medidas neoliberais propostas pelo governo petista começam a ser aprovadas no Congresso Nacional. O clima na esquerda não poderia ser pior.

Mas, a rigor, é errado dizer que Dilma Roussef traiu aqueles que apoiaram sua reeleição. Pelo menos, em relação à militância de esquerda mais atenta e experiente.  

Tudo o que o lulismo construiu obrigava a presidenta a fazer o que vem fazendo. Os principais dogmas neoliberais jamais foram desrespeitados nos três mandatos petistas. Não seria agora, na defensiva, que isso aconteceria.

Quem define bem essa situação é Marcelo Carcanholo. Em entrevista à edição 39 da Revista POLI, da Fiocruz, o professor de Economia da Universidade Federal Fluminense é bastante explícito:


Existe, hoje, uma falsa polarização. Sem dúvidas existe uma polarização do ponto de vista político, mas do ponto de vista da estratégia de desenvolvimento econômico não há polarização alguma. O que o neoliberalismo fez, desde os anos 1990 até hoje – porque nesse período o que mudou foi só a roupagem –, foi aprofundar a condição dependente da economia brasileira. As reformas estruturais ampliaram e criaram mecanismos que levam à transferência do valor produzido aqui, que na verdade é realizado e acumulado nas economias centrais fora daqui.

A leitura do depoimento vale pela clareza do raciocínio. Ajuda a superar paixões que descambam para insultos pessoais ou reações fanáticas guiadas por cega devoção.

Uma piada popular sobre traições amorosas afirma que o pior não é ser corno. O pior são os comentários. Mas os militantes que fizeram campanha para reeleger Dilma têm todas as condições de saber que não são eles os principais alvos das más-línguas.

Leia a entrevista,
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