Doses maiores

14 de outubro de 2015

Robotização, para nossa alegria e a dos cavalos

Em seu samba “Deu pane em São Paulo”, Luiz Tatit imagina uma cidade que finalmente funciona como um lugar feito para pessoas viverem. É o que mostram os versos:

O povo todo delira / E nem acredita que está em São Paulo / Uma hora de trampo / E o resto do dia é só intervalo / E pro trabalho pesado / Cavalo, cavalo / E ainda assim / Com todo o cuidado / Para poupá-lo

Pois bem, no artigo “Quem tem medo dos robôs?”, publicado na Folha em 13/07, Ronaldo Lemos cita um estudo dos professores Erik Brynjolfsson e Andrew McAfee, do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Eles “alertam sobre a possibilidade de que os robôs possam fazer com que o trabalho humano fique tão obsoleto quanto o dos cavalos”.

Não seria má ideia. Melhor que na canção de Tatit, tanto nós como os cavalos seríamos poupados das cansativas obrigações que envolvem “trampar”. Mas a razão de ser do capitalismo é precisamente a exploração do trabalho humano.

É por isso que diante da possível robotização em massa, o economista-chefe do Financial Times, Martin Wolf, propôs a possível redistribuição de “renda e riqueza em larga escala”.

O problema é que o capitalismo é cada vez mais incompatível com uma solução como a proposta pelo velho neoliberal. Ao invés de renda mínima, precisamos nos livrar da minoria parasita que explora o restante de nós.

A humanidade os cavalos e muitas outras formas de vida cederiam tranquilamente seus fatigantes postos de trabalho aos incansáveis seres de lata.

Leia também: Robôs não ficam desempregados

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