Doses maiores

23 de fevereiro de 2016

A perigosa loteria dos transgênicos

A publicação “Lavouras Transgênicas: riscos e incertezas” foi lançada recentemente pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário. Organizada por Gilles Ferment, Leonardo Melgarejo, Gabriel Bianconi Fernandes e José Maria Ferraz, ela traz referências a cerca de 750 artigos publicados entre 1980 e 2015 sobre transgênicos.

Segundo os autores, são contribuições mantidas “na invisibilidade porque seus achados contrariam as abundantes campanhas de marketing” a favor dos organismos geneticamente modificados.

O estudo começa abordando toda a complexidade envolvendo a principal matéria-prima das manipulações transgênicas. A simples transcrição da informação do DNA contido no núcleo de uma única célula humana “exigiria a publicação de 10 livros, em formato A4, com 1.000 páginas cada”.

A encrenca é tamanha que os cientistas atualmente não têm certeza sobre o que exatamente seja um gene e qual seu verdadeiro papel. Um exemplo: o ser humano possui aproximadamente 22 mil genes. Mas isso representa menos da metade dos cerca de 50 mil genes do arroz.

São informações que desfazem o mito de que o conhecimento do genoma equivale a dispor de um mapa capaz de organizar a criação da vida. Na verdade, diz o levantamento, o nível de certeza em manipulações genéticas “se revela substancialmente inferior ao das loterias”.

Daí, o clima de insegurança quanto aos efeitos patológicos da engenharia transgênica. Ingerir plantas banhadas em agrotóxico ou saturadas de toxinas não é nada tranquilizador.

Mas é possível deduzir uma grande certeza da leitura da publicação. Na loteria dos transgênicos perdem a saúde e a economia populares. O grande prêmio fica com a meia dúzia de grandes empresas que controlam o mercado de alimentos.

Acesse a publicação aqui.

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