Doses maiores

27 de abril de 2016

A vez da toupeira

... conhecemos bem a nossa velha amiga, a nossa velha toupeira, que vai escavando lentamente as raízes da sociedade burguesa para irromper de súbito à luz do dia: a Revolução.

A frase acima é de Karl Marx. Portanto, engana-se quem acha que o revolucionário alemão se considerava um profeta capaz de prever data e local da revolução socialista.

No máximo, Marx acreditava que a revolução teria maior chance de acontecer onde o capitalismo mais avançara na época. Na Europa, especialmente. Mas não arriscava afirmar nada além disso. Daí, sua preferência pela imagem do bicho subterrâneo.

Não à toa, a “velha amiga” viria a colocar a cabeça para fora em lugares tão inesperados como o Império Russo, a ancestral China e a caribenha Cuba.

Além disso, é importante entender que o bicho representa a militância cotidiana. Heroica, pouco gloriosa e voltada para a união das forças que lutam contra a exploração a partir dos porões da sociedade.

A metáfora não deixa dúvidas quanto ao fato de que ou a revolução será feita de baixo para cima ou não acontecerá. Os que estão nas torres e balcões palacianos, ou não tiram os olhos destes lugares, podem ser pateticamente surpreendidos.

Foi o que aconteceu em junho de 2013 e vem acontecendo antes e depois disso, com muitas lutas que formam novos militantes. Muitos deles, distantes da tradicional esquerda partidária e sindical.

Nada disso significa que estamos vivendo um processo revolucionário. Apenas mostra o quanto é indispensável participar do incansável trabalho da toupeira, única forma de barrar a contrarrevolução.

Contra o escorpião e o ornitorrinco, a velha e querida toupeira.

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