Doses maiores

20 de abril de 2016

O espectro que nos ronda

“Um espectro ronda a Europa”, dizia o Manifesto Comunista, em 1848.

Era o comunismo, que assustava patrões e governantes. Mas como bons materialistas, Marx e Engels apresentaram uma origem muito concreta para esse fantasma. Era o capitalismo industrial, recém-chegado à maturidade.

Marx e Engels não gostavam de fazer previsões. Eles militavam junto aos revolucionários de seu tempo. Estudavam o mundo que conheciam e sobre ele escreviam. Testemunhavam uma sociedade cada vez mais dividida entre a minoria que controla os meios de produção e uma grande maioria privada deles.

Esta contradição diferenciava a sociedade capitalista de todas as outras e poderia levar os despossuídos a tomar os meios de produção da minoria para dividi-los entre si. Seria o comunismo.

Mas para que isso acontecesse, o capitalismo precisaria se espalhar para muito além da Europa. Deveria invadir todas as esferas da vida humana, ocupando não apenas as fábricas, o comércio, os serviços, a cultura, mas as relações pessoais.

Os “proletários do mundo todo” só poderiam se unir se estivessem realmente submetidos às relações capitalistas em todo o mundo. Algo que só começou a acontecer após a 2ª Guerra.

Hoje, são bilhões de escravizados, direta ou indiretamente, pela lógica capitalista. Ou seja, finalmente, o mundo se tornou europeu. Mas o fantasma que nos ronda é o do fascismo.

Por enquanto.

Há muita gente na luta anticapitalista no planeta todo. Jamais desapareceram as condições que fizeram surgir o espectro de 1848. Torná-lo novamente assustador é nosso primeiro desafio. Depois, é preciso arrancá-lo das trevas e trazê-lo para a luz do dia, sob a qual podem ser destruídas as piores assombrações.

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