Doses maiores

23 de fevereiro de 2018

Vêm aí as eleições zapeadas

 Zapear significa mudar rápida e repetidamente de canal de televisão ou estação de rádio para encontrar algo interessante. Não fosse por essa definição anterior, zapear hoje poderia ser enviar um zap pelo WhatsApp.

Em 16/02/2018, no Globo, Pedro Dória, informou que em maio do ano passado o WhatsApp tinha 120 milhões de usuários no Brasil. E que, em janeiro, éramos quase 147 milhões de eleitores. Deste total, o articulista imagina que pelo menos 70% utilizem o aplicativo.

O problema, diz Dória, é que o WhatsApp é:

...o meio de comunicação digital mais difícil de monitorar. Temos como analisar a disseminação de dados pelo Facebook, pelo Twitter, pela web. O WhatsApp, dedicado a conversas privadas, não raro em grupos, é fechado.

Em 19/02/2018, Mauricio Moura deu entrevista ao El País. Executivo da Ideia Big Data, consultoria com experiência em campanhas nos EUA e no Brasil, ele acha que o “WhatsApp vai ser mais decisivo na campanha brasileira do que o Facebook”.

Segundo Moura, vai “ter muita fake news” e a melhor coisa para combatê-las é o contato direto:

Em todos os lugares em que a mensagem contra as fake news foi cara a cara, o grau de convencimento é monstruosamente maior do que mandar um WhatsApp.

Até uns 25 anos atrás, o “cara a cara” ainda era uma especialidade da esquerda. Hoje, boa parte de nós se limita a zapear mensagens para nós mesmos. Nossas interações presenciais restritas a contatos superficiais, determinados pelo calendário eleitoral.

Enquanto isso, muitos eleitores pulam de zap em zap até cair no colo dos conservadores.

3 comentários:

  1. Po, legal, gostei. Simples assim, como achei esta pérola. Primeiro a lembrança do Zapear e a similaridade com o Zap Zap como muitos costumam chamar o WatAapp. A observação dele ser uma mídia fechada, e depois o alerta para nós da esquerda que mais zapeamos para nós mesmos do que lutamos.

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  2. Está pessimista. Sei que muitos da nova geração de esquerda utilizam muito bem esses canais, mas acho que são poucos diante de nossa (nossa mesmo) crescente alienação cibernética.
    Valeu!

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  3. Sergio, para muitos da nossa época que pararam de militar, sobrou isso. Nem chego a ficar pessimista, pelo menos vamos nos informando. Abraço.

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