Doses maiores

15 de julho de 2019

A “Vaza Jato” muito antes dos vazamentos

Em novembro de 2015, numa troca de mensagens por celular, o procurador Deltan Dalagnol afirmou: “jornalista que vaza não comete crime”.

A frase apareceu no chamado escândalo da “Vaza Jato”. Trata-se de uma série de mensagens trocadas por meio digital entre o juiz Sérgio Moro e procuradores da república no âmbito da Operação Lava-Jato.

O material chegou aos jornalistas do The Intercept, em junho passado. A publicação de seu conteúdo colocou sob forte suspeita a isenção do trabalho dos membros da operação. Entre eles, o próprio Dalagnol, que passou a tentar criminalizar o vazamento das conversas.  

Mas, talvez, abordagens mais gerais esclareçam melhor a situação toda. É o caso de “A guerra de todos contra todos e a Lava Jato: a Crise Brasileira e a vitória do Capitão Jair Bolsonaro”, artigo assinado por sete professores universitários e publicado pelo Instituto de Economia da UFRJ.

O documento é longo, mas vale a leitura. Sua publicação antecede o vazamento das mensagens, mas este último apenas confirma as conclusões daquele sobre o viés político da Lava-Jato.

Abaixo, um trecho destaca o funcionamento do “mecanismo” colocado em prática pela operação, em artigo de Sérgio Moro, publicado em 2004:

Vazamento/publicidade para os meios de comunicação para gerar instabilidade deslegitimação política (Congresso e Executivo) legitimidade da operação junto à opinião pública (aumento do seu poder) pressão sobre às instâncias superiores do judiciário, em especial o STF, para que essas não coibissem a flexibilização das leis.

Atenção à última oração: para que o judiciário não coibisse a flexibilização das leis. Já estava tudo lá. Sem necessidade de vazamento algum.

Leia também: E eles só falam da Odebrecht...

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