Doses maiores

22 de julho de 2019

Reactions: como o Facebook comercializa nossas emoções

Reportagem publicada recentemente pela Agência Pública revela o que está por trás daquelas “reactions” do Facebook que permitem ao usuário clicar em opções como “amei”, “hahaha” ou “triste”, além da tradicional ”curtir”.

A matéria cita um estudo sobre esses “recursos” feito pela pesquisadora Débora Machado, da Universidade Federal do ABC. A pesquisa analisou 39 patentes de ferramentas do Facebook voltadas para esse tipo de resposta.

A definição de uma dessas patentes, por exemplo, afirma que as características de personalidade deduzidas a partir das reações “são armazenadas junto aos perfis do usuário e podem ser usadas para mirar, ranquear e selecionar versões de produtos” a serem oferecidas a ele.

Outro exemplo é a patente que filtra postagens associadas a reações “desejadas”, como aniversários de postagens e de amizades. A partir disso, explica Débora, o Facebook pode privilegiar uma amizade em detrimento de outra ou dar preferência a certos tipos de publicações relacionados a determinados sentimentos. “E isso não necessariamente corresponde aos interesses do usuário”, afirma.

Claro que não. O objetivo, aqui, é apenas um: vender. Afinal, diz a reportagem:

Saber quais são as emoções dos usuários é útil para anunciantes. Os anúncios são a principal fonte de renda do Facebook, representando US$ 14,91 bilhões no primeiro semestre de 2019 – 98,8% da receita. Das 130 patentes com a palavra “emoção” registradas pela plataforma, 109 (84%) contêm também a palavra “propaganda” em suas descrições.

A pesquisa confirma o alto grau de manipulação implícita a que monopólios digitais como Facebook e Google sujeitam seus usuários.

E vai continuar sendo assim enquanto nos limitarmos a reagir, clicando a opção “Grrr”.

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