Doses maiores

31 de julho de 2019

Povos indígenas: da autodemarcação à autodefesa

Abaixo, trechos de um recente comunicado dos Munduruku:

Nós o povo Munduruku do Médio e Alto Tapajós continuamos a autodemarcação do nosso território Daje Kapap Eipi, conhecido como Terra Indígena Sawre Muybu.

Eles relatam ter andado mais de 100 km para defender seu “território sagrado”. Como nossos antepassados, afirmam, “continuamos limpando os nossos picos, fiscalizando, formando grupos de vigilância e abrindo novas aldeais”.

Durante a missão, os indígenas expulsaram dois grupos de madeireiros, ao descobrirem “nossas árvores derrubadas e as nossas castanheiras como torra de madeira em cima de um caminhão”.

Eles deram três dias para os invasores retirarem todo o seu equipamento. As armas que utilizaram, dizem, foram “nossos cânticos, nossa pintura, nossas flechas e a sabedoria dos nossos antepassados”.

Apesar da singeleza dessas “armas”, os madeireiros foram expulsos. Algo que “nem o ICMBIO, IBAMA e FUNAI conseguiram”, relatam. E concluem:

Somos capazes de cuidar e proteger o nosso território para nossos filhos e as futuras gerações. Ninguém vai fazer medo e ninguém vai impedir porque nós mandamos na nossa casa que é nosso território. Estamos aqui defendendo o que é nosso e não dos pariwat. Por isso sempre vamos continuar lutando pelas demarcações dos nossos territórios. Nunca vão nos derrubar. Nunca vamos negociar o que é sagrado.

Será́ que vai precisar morrer outros parentes, como aconteceu com a liderança Wajãpi, para que os órgãos competentes atuem?

Mas se depender da “competência” oficial, os povos indígenas terão que passar da autodemarcação à autodefesa utilizando armas que não se limitem a cânticos, pintura e sabedoria. Infelizmente, prevalecerá a lógica da barbárie branca e capitalista.


Um comentário:

  1. É, Sergio... após mais de 500 anos, mais do q nunca, eles precisarão de mais e novas armas, inclusive do coletivo dos povos originários, para enfrentar a barbárie do governo atual. E olha q este governo ainda está em seu primeiro ano...
    Triste.

    Abraço!

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