Doses maiores

29 de julho de 2019

A resistência dos explorados expande horizontes

Há quem diga que a atual situação de estagnação da economia mundial em breve dará lugar a outro momento de expansão, criando empregos e elevando a renda.

Não é isso o que sugere a realidade do último meio século. Momentos de crescimento econômico realmente ocorrem ciclicamente, mas beneficiando cada vez menos gente. Concentrando mais renda e reservando a minorias minúsculas a vida digna prometida pelo livre mercado.

O fato é que o capitalismo está preso a uma tendência de fabricar lucros gigantescos, empregando cada vez menos força de trabalho. Vejamos um exemplo retirado de “The Age of Surveillance Capitalism” (A era do capitalismo de vigilância), de Shoshana Zuboff.

Nesse livro, ainda sem tradução, a autora mostra como as maiores empresas do mundo empregam pouca gente, em comparação a seu gigantesco valor de mercado.

Desde o momento em que passaram a vender ações em 2016, o valor de mercado da Google e do Facebook disparou. A Google alcançou U$ 532 bilhões e o Facebook atingiu U$ 332 bilhões. A Google emprega pouco mais de 75 mil pessoas e o Facebook cerca de 18 mil.

Enquanto isso, a General Motors levou quatro décadas para alcançar seu maior preço de mercado: U$ 225 bilhões, em 1965. Mas empregava, naquele momento, 735 mil trabalhadores.

Felizmente, nem esses grupos tão poderosos estão livres da luta de classes. Em maio passado, por exemplo, ocorreu uma “paralisação feminina” em várias sedes da Google pelo mundo contra disparidades salariais e denúncias de assédio sexual.

Os ciclos das lutas da classe trabalhadora, sim, são os únicos com potencial para verdadeiramente expandir os horizontes da humanidade.

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