Doses maiores

16 de janeiro de 2020

A educação pela fotossíntese

“Árvores jovens desejam crescer rápido”, diz Peter Wohlleben em seu livro “A Vida Secreta das Árvores”. Mas suas “mães” não permitem: “cobrem as mudas com suas copas imensas e, ajudadas por outras adultas, formam um teto denso sobre a floresta, deixando passar apenas 3% da luz do sol”.

Essa quantidade de luz é suficiente apenas para que as jovens não definhem. Parece cruel, mas trata-se de uma medida pedagógica. Pesquisas indicam que “o crescimento lento das árvores jovens é uma precondição para que elas alcancem uma idade avançada”.

Ao crescer devagar, as células de sua madeira armazenam pouco ar e ficam minúsculas. Isso as torna flexíveis e resistentes a rupturas em caso de tempestades. Além disso, e mais importante, a ausência de ar nas células dificulta que fungos nocivos se espalhem pelo tronco. Este mesmo fenômeno também permite à arvore tampar facilmente suas feridas na casca, evitando pontos de apodrecimento.

É assim que faias jovens, por exemplo, levarão mais de 200 anos para crescer. Nessa altura da vida arbórea, a árvore materna tem uma copa com toneladas de peso e um tronco fragilizado pela idade. Basta uma forte tempestade para que se quebre e venha ao chão. Nesse momento, diz Wohlleben:

A abertura que surge no dossel de folhas funciona como um sinal de largada para as árvores jovens que sobrevivem à queda da mãe. Agora elas podem realizar a fotossíntese a todo o vapor.

Este é apenas um exemplo singelo de como algumas árvores educam sua descendência. Mas como mostram as outras pílulas desta série, a pedagogia das árvores tem muito mais a nos ensinar.

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