Doses maiores

31 de janeiro de 2020

O fascismo e as classes intermediárias

Abaixo um sumário retirado do livro “Fascism: Theory and Practice”, de Dave Renton, sobre a relação do fascismo com as massas.

Se o fascismo histórico se caracteriza pelo apoio de massa, isso não significa que precise dele para ser classificado como tal.

A maior ambição de Hitler era "destruir o marxismo". Foi esse objetivo que fazia dele e de seu partido fascistas, antes mesmo de alcançarem uma influência maior.

Em "Mein Kampf" (“Minha Luta”), Hitler escreveu: “Para pessoas que já superaram um nível social modesto, é insuportável recair nele, mesmo que momentaneamente”.

É este sentimento que a extrema-direita explora. Mas se a pequena burguesia esperava usar o fascismo para chegar ao poder, morria de medo de colocar em risco o domínio do capital.

A classe média conservadora não deseja a eliminação da grande burguesia. Ao contrário, seu maior objetivo é tornar-se membro dela.

Diferente de outras forças de direita, o fascismo usa uma linguagem revolucionária e quando conquista apoio de massa, obtém poder social suficiente para realizar seus objetivos radicais.

Tais objetivos são a destruição das conquistas sociais de gerações de democratas, socialistas, sindicalistas e do movimento feminista.

É essa disposição ultraconservadora que torna o fascismo confiável para a grande burguesia, sempre que crises sociais ameaçam seus interesses.

No entanto, é impossível que o fascismo realize as aspirações pequeno-burguesas. É isso que pode permitir às organizações dos trabalhadores afastar seus setores menos engajados da influência fascista.

Por outro lado, não há como deixar sem resposta os ataques fascistas contra nossas organizações. Nosso grande desafio é combinar militância social paciente e radicalidade política. Voltaremos a isso.

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