Doses maiores

9 de janeiro de 2020

Iluminismo e Escravidão. Racismo e Capitalismo

Em “Escravidão”, Laurentino Gomes, mostra como a ideologia racista que justificava a escravidão surgiu em meio às luzes do iluminismo ocidental. No livro, ele cita alguns nomes respeitáveis desse movimento filosófico.

David Hume escreveu em 1748:

Suspeito que os negros, como em geral todas as outras espécies de seres humanos, sejam naturalmente inferiores aos brancos. Nunca houve entre eles nação alguma tão civilizada quanto entre os brancos. Nenhum grande inventor entre eles, nenhuma Arte, nenhuma ciência.

Em 1756, Voltaire:

Os olhos redondos, o nariz achatado, os lábios sempre grossos, o formato diferente das orelhas, o cabelo encrespado na cabeça, e mesmo a sua capacidade mental estabelecem uma prodigiosa diferença entre eles e as outras espécies de seres humanos.

Kant, em 1764:

Os negros africanos não receberam da natureza qualquer inteligência que os coloque acima da tolice. Portanto, a diferença entre as duas raças (negra e branca) é muito substancial. A distância no que diz respeito às faculdades mentais parece ser tão grande quanto a da cor (da pele).

Em 1837, Hegel, o grande iluminista alemão, considerava que “a única essencial ligação que existiu e permaneceu entre negros e europeus é aquela da escravidão”.

São preconceitos absurdos como esses que estão no núcleo original da ideologia que justifica a dominação capitalista até hoje.

Em sua obra clássica “Capitalismo e Escravidão”, Eric Williams demonstra a profunda ligação entre racismo, escravidão e capitalismo. Legalmente condenada, a escravidão persiste. Socialmente tolerado, o racismo se fortalece. A sustentar ambos, o capitalismo. 

Por isso, não pode haver luta verdadeiramente antirracista que não seja anticapitalista nem luta radicalmente anticapitalista que não seja antirracista.

Leia também: Acorrentados à hipocrisia de nossa época

Um comentário: