Doses maiores

30 de agosto de 2012

Eleição nunca foi sinônimo de democracia

Eleições sempre foram muito constantes na história brasileira. É o que afirma Wilson Tosta, em entrevista publicada em O Estado de S. Paulo, em 26/08. Ele é professor titular da disciplina na UFRJ e está lançando o livro “Eleições no Brasil - Do Império aos Dias Atuais”.

Tosta admite que houve vários momentos em que o voto foi restrito, elitista, excluiu pobres, mulheres, analfabetos. Mas a regularidade do exercício do voto foi tão alta ou maior aqui como em muitos outros lugares do planeta.

Vejam um trecho da entrevista:

Na história, as eleições antecedem a democracia. O caso clássico é o da Inglaterra, que, embora escolha os membros da Casa dos Comuns pelo voto desde o século 18, só organizou um sistema democrático moderno, com sufrágio feminino, no início do século XX. No Brasil não foi diferente, as eleições também antecederam à democracia. O que tento mostrar é a riqueza das instituições eleitorais no País antes de consolidarmos um regime plenamente democrático, a partir de 1985. O que chama a atenção no caso brasileiro é que as eleições conviveram com diversas formas de regime político, inclusive o regime militar. Vale a pena lembrar que elas só foram formalmente suspensas durante o Estado Novo, de 1937 a 1945.

Ou seja, democracia e voto não coincidem, principalmente se a igualarmos a justiça social. O fato é que nossas inúmeras eleições não impediram que o Brasil se tornasse um dos países mais injustos do mundo. O direito ao voto é sagrado, mas está muito longe de ser suficiente. Isolado, ele mais serve que ameaça os interesses dos poderosos.

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