BlackBerry era um grilhão usado
durante a escravidão, nos Estados Unidos, que atava os pés dos negros como forma
de impedir sua fuga. Só que agora adentramos na fase do grilhão digital.
Como exemplo
dessa nova servidão, Antunes cita a Google. A empresa oferece transporte a seus
funcionários com acesso a internete para que comecem a produzir antes mesmo de
chegar ao local de trabalho.
Segundo Antunes
esse tipo de prática se espalha pelo mundo empresarial. É o que ele chama de
"ócio criativo", cujo resultado é o “aumento da massa de mais valia,
através da subordinação dos trabalhos imateriais à forma-mercadoria”.
Recentemente, o
Tribunal Superior do Trabalho julgou casos de trabalhadores que ficam à
disposição de seus patrões através de algum aparelho, como o celular. Os juízes
decidiram que eles terão direito a receber pagamento adicional. Difícil que a
medida legal seja obedecida. Mas, mesmo que o seja, jamais compensará o lucro
gerado pelo trabalho extra.
Tais formas de
exploração são novíssimas, mas obedecem a uma lógica antiga. Têm a mesma idade
do capitalismo e foram denunciadas por Marx há mais de um século e meio. Vejam
o que ele diz no livro “Miséria da Filosofia”, escrito em 1847:
O tempo é tudo, o homem não é mais
nada; ele é no máximo a carcaça do tempo. Não existe mais a questão da
qualidade. A quantidade decide tudo: hora por hora, jornada por jornada.
Isso é o
capitalismo. A união da estúpida escravidão negra com a sofisticada servidão
tecnológica.
Leia também: Capitalismo
é desemprego
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