Doses maiores

21 de dezembro de 2012

Natal com compaixão. E a espada na mão...

Em breve, comemoram-se 2012 anos do nascimento de um menino muito importante. Para seus inúmeros seguidores, ele representa a compaixão divina. Mas há 4 mil anos, nasceu uma criança que pode simbolizar o lado humano desse sentimento. É o que afirma a reportagem “O início da compaixão”, publicada em 19/12, no Globo.

A matéria refere-se a uma descoberta arqueológica feita no norte do Vietnã. É um garoto que teria nascido com uma doença na coluna vertebral. Coisa grave em uma sociedade com forte dependência do trabalho braçal para sobreviver. Mesmo assim, ele recebeu os cuidados necessários para viver mais de 10 anos.

Nada disso combina com a imagem que temos de uma sociedade pré-histórica. Naquelas duras condições de sobrevivência, difícil esperar solidariedade e generosidade. A descoberta mostra que nossa espécie não se rendeu à lei dos mais fortes. Ao contrário, vem se afirmando contra ela. Para desespero dos fascistas.

Nada disso quer dizer que a raça humana seja boa por natureza. Tais definições dependem das lógicas sociais que regem cada cultura ou momento histórico. O que, talvez, distinga nossa época seja a enorme contradição entre o dito e o feito.

Jesus da Palestina e o garoto do Vietnã simbolizam as melhores possibilidades da humanidade. Ironicamente, ambos nasceram em territórios que acabaram testemunhando atos terríveis. Crimes cometidos exatamente por quem fala em nome da paz e da harmonia entre os povos. Os mesmos que agem em defesa de interesses poderosos.

A noite natalina lembra a compaixão do menino Jesus. Mas não esqueçamos o que disse Jesus quando adulto: “Eu não vim trazer a paz, mas a espada”.

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