Doses maiores

5 de dezembro de 2012

Por que juros e PIB caem juntos?

A economia brasileira cresceu só 0,6% no terceiro trimestre deste ano em relação aos três meses imediatamente anteriores. É o que mostraram dados divulgados em 30/11 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No mesmo dia, reportagem de Carolina Jardim para O Globo afirmava: “Resultado ruim de bancos e financeiras contribuiu para expansão fraca do PIB”. Para o IBGE, o setor de serviços seria responsável pela queda nos números. Mais especificamente, a atividade financeira, que sofreu o maior recuo desde o auge da crise econômica mundial, em 2008.

Os motivos? Queda nos juros e alta na inadimplência. Se este diagnóstico estiver correto, poderia sinalizar dois problemas sérios. O primeiro é óbvio. O crescimento da inadimplência indicaria problemas para manter os níveis de consumo que vêm conservando a economia a uma distância segura da crise.

Mas o mais grave não é isso. Por anos, a grande maioria dos economistas acreditou que juros altos são inimigos do crescimento econômico. Não faz sentido que a queda de juros venha, agora, a provocar queda no PIB.

Não seria um sinal de que a economia brasileira chegou a um nível de financeirização alto demais? Tão alto que se tornou dependente da especulação financeira? Seria como alguém em estado avançado de dependêcia química. Diminuir as doses causa males ainda maiores que a própria droga.

Para muitos, é um mistério que a economia brasileira ainda não tenha sido afetada seriamente pela crise econômica mundial. A solução desse mistério poderia estar perto de ser revelada? Talvez, em breve, saibamos. E pode não ser muito agradável.

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