Doses maiores

22 de março de 2013

BBB é a realidade do capitalismo

Enquanto estudava a exploração no mundo do trabalho, a socióloga Silvia Viana enxergou aquilo que estava pesquisando nos reality shows. O tema virou seu doutorado e foi lançado o livro "Rituais de sofrimento", no qual ela revela que a sociedade tem mais semelhanças com o ambiente cruel e brutal dos BBBs do que se imagina.

Esta é a introdução da ótima entrevista feita por Luís Brasilino sob o título “Reality Show: mais real do que se gostaria”, publicada em 21/03 no Le Monde Diplomatique Brasil.

Segundo Silvia, com o “capitalismo flexível” atual, “a exclusão tornou-se o pesadelo, necessário e irreversível, de um exército de `inúteis para o mundo`”. Referindo-se ao desemprego, ela afirma que:

...a eliminação tornou-se um ritual ao qual estamos permanentemente submetidos; esse ritual tem a forma da seleção, seja ela de “fora para dentro”, nos incontáveis processos seletivos pelos quais passamos ao longo da vida, seja de “dentro para fora”, na triagem em que se converteu o próprio trabalho sob incessante avaliação. Não é à toa que os reality shows têm a forma preferencial da seleção – e, quando não a têm, ela está pressuposta. O “paredão” é a ritualização desse descarte “necessário e inelutável”, contra o qual é necessário se mobilizar, aceitar quaisquer provas, lutar e, principalmente, participar sempre.

A confirmar essa avaliação, ela cita o próprio Pedro Bial, perguntando aos participantes do programa: “Vocês acham que o BBB é colônia de férias?”. “Não”, responderam todos em uníssono. Silvia concorda. É “trabalho flexível, explorado e degradado”. Não deixem de ler a entrevista.

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