Doses maiores

14 de outubro de 2014

Hong Kong e a Revolução Francesa


Em Hong Kong, na China, um protesto reúne dezenas de milhares de jovens acampados. Além de exigir eleições democráticas, o "Occupy Central" denuncia a enorme desigualdade social. Não à toa, o local escolhido para a manifestação é um dos mais poderosos centros financeiros do mundo.
O movimento poderia ser considerado como parte das manifestações que a crise de 2008 provocou. Uma onda que se espalhou da África Árabe para Estados Unidos e Europa. 

Há quem destaque as grandes diferenças entre as realidades sociais de todos esses lugares. Mas isso vale mais para a situação política. No nível econômico, essas regiões sofrem com a ditadura do mercado, a enorme exploração da população e a profunda desigualdade social. 

A burguesia conquistou o poder prometendo liberdade política e igualdade econômica. Desde então, a liberdade política só produziu desigualdade econômica. E a busca por igualdade econômica, como aconteceu na China revolucionária, custou a negação das liberdades democráticas. 

Chegamos à pior das combinações. Muita desigualdade com pouca ou nenhuma democracia. No Egito ou na China, o sistema político jamais deixou de representar o poder econômico. Nos Estados Unidos ou no Brasil, o poder institucional só consegue representar o grande capital.

Os protestos e manifestações que se espalham pelo mundo poderão reverter essa situação? A resposta poderia ser semelhante àquela que deu Mao Tse Tung, ao ser perguntado sobre o que achava da Revolução Francesa: "É muito cedo para dizer."

Mas, talvez, a epidemia capitalista que tomou conta do planeta acelere o relógio da História. O que a burguesia revolucionária prometeu ainda poderia ser conquistado pelas insurreições mundiais do proletariado.

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