Doses maiores

31 de janeiro de 2017

Trump e a locomotiva chinesa

Yanis Varoufakis foi ministro das Finanças da Grécia. Renunciou quando o governo de que participava traiu compromissos eleitorais e passou a negociar com as instituições financeiras que vinham asfixiando a economia grega.

Em 20/01, ele publicou “Trump encarará realmente o dragão chinês?” no portal Outras Palavras. O artigo procura mostrar o potencial altamente explosivo dos ataques do presidente recém-empossado à China. Afinal, diz ele, Trump dirige um país “incapaz de qualquer ato relevante sem articulação com a China.”

Para começar, argumenta ele, os Estados Unidos foram “salvos pelo Dragão” depois da crise de 2008. Segundo Varoufakis, os líderes chineses criaram “uma bolha insustentável de investimentos para dar uma chance de ação conjunta à Europa e Estados Unidos”.

Mas como nenhum dos dois nada mais fez que continuar despejando dinheiro nos mesmos bancos que quebraram seus mercados, a economia mundial continuou patinando. Aí, chegou 2015 e “a China teve que impulsionar, mais uma vez, a criação de crédito”. Resultado:

Hoje, o boom do crédito da China é sustentado por garantias quase tão ruins quanto àquelas em que a Bear Stearns, Lehman Brothers, e os demais bancos estavam confiando em 2007.

É essa interdependência econômica que Trump parece estar desconsiderando. Qualquer solavanco na economia chinesa chacoalha toda a economia global. Mas é ainda mais perigosa para os Estados Unidos, que transferiu grande parte de seu parque industrial para o gigante asiático.

O fato é que, se a China puxa o trem do capitalismo mundial atualmente, os trilhos do sistema continuam levando rumo ao abismo. E Trump pode estar jogando ainda mais lenha na caldeira dessa locomotiva desgovernada.

Leia também: As raízes capitalistas da possível crise chinesa

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